A companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) está executando um severo plano de demissões nos últimos meses. A ordem segue um acordo coletivo assinado em maio de 2014, prevendo a demissão de até 2% do efetivo total. O motivo, segundo a empresa, é a necessidade de enxugar a folha de pagamento, após a redução de arrecadação por conta da diminuição no fornecimento de água.
De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente (Sintaema), de janeiro a fevereiro o governador Geraldo Alckmin demitiu cerca de 300 servidores. O diretor de comunicação do Sintaema, José Antônio Faggian, conta que na quinta-feira (5) foram mais de 20 dispensas e, nesta sexta (6), outros servidores seriam dispensados. Faggian acusa a empresa de estar demitindo desde o período eleitoral.
“Nesse período, em que é proibido por lei, foram demitidos cerca de 90 funcionários”, alerta Faggian.
O diretor criticou as demissões. Segundo ele, estão colocando na rua um corpo técnico experiente, que conhece o sistema e pode apresentar as soluções mais viáveis e imediatas para a crise.
“Estão demitindo justamente quem carrega o piano”, lamenta Faggian.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Urbanitários de Santos e Região (Sintius), Marquito Duarte, se a empresa demitisse metade dos assessores da presidência e diretorias, a economia poderia ser de R$ 6 a R$ 8 milhões, por ano.
“Seria uma economia muito maior que demitir trabalhador que ganha três ou quatro mil reais”, denuncia Duarte.
Duarte conta que o lucro líquido da empresa, entre 2005 e 2014, foi de aproximadamente R$ 12 bilhões, sendo que R$ 4 bilhões foram distribuídos entre os acionistas. O Estado de São Paulo detém 50% do controle acionário da Sabesp, 25% estão abertos na Bovespa e os outros 25% estão na Bolsa de Valores de Nova Iorque (EUA).
Em nota, a Sabesp informou que, entre 2002 a 2013, houve um aumento de 70% de produtividade na relação ligações de água e esgoto por empregado. Duarte contesta os dados e afirma que a companhia vem diminuindo, ano a ano, a força de trabalho. Segundo ele, de 16.978 servidores, em 2006, o número passou para 15.015, em 2013.
“Ou seja, uma redução de 11,56%, nesse período”, ressalta Duarte.
Faggian e Duarte informaram que a categoria se reunirá em assembleia, na terça-feira (10), quando será decidido pela indicação ou não de uma greve.
“Não é problema de pressão nas válvulas. Na prática, o governo está fechando os registros desde antes de assumir oficialmente o racionamento”, afirma Faggian.
Por Guilherme Ferreira, da Agência PT de Notícias
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