quinta-feira, 2 de abril de 2015

Bálsamo medieval mata superbactérias



(BBC)-Um tratamento de mil anos de idade, usado na Idade Média para combater infecções nos olhos, pode ser a chave para acabar com as superbactérias resistentes a antibióticos, de acordo com pesquisadores da Universidade de Nottingham, na Grã-Bretanha.

Os cientistas recriaram um remédio anglo-saxão do século 10 que continha cebola, alho, vinho e bile de vaca. O grupo se surpreendeu ao descobrir que este remédio antigo exterminou quase que completamente, em até 90%, o Staphylococcus aureus resistente à meticilina (SARM). O remédio foi descrito em um antigo manuscrito anglo-saxão com instruções sobre tratamentos e bálsamos, o Bald's Leechbook, que está na British Library.

O manuscrito é tido como um dos primeiros exemplos de "livro medicinal", segundo Tom Feilden, editor científico do programa Today, da BBC. A especialista em cultura anglo-saxônica Christina Lee, da Universidade de Nottingham, traduziu a receita de um "bálsamo para os olhos, feito com alho, cebola ou alho-porro, vinho e bile de vaca". 

"Escolhemos esta receita porque contém ingredientes, como o alho, que estão sendo investigados por cientistas do presente por sua potencial eficácia em tratamentos com antibióticos", disse a especialista que teve a ideia de provar a cientificamente o efeito do remédio. "Algumas palavras eram ambíguas e tivemos que pensar muito para saber a qual ingredientes se referiam", disse Freya Harrison, pesquisadora da Escola de Ciências da Vida da mesma universidade.

"Reconstruímos (a receita) da forma mais fiel que pudemos", acrescentou Harrison. A receita descreve uma forma muito específica de obter o bálsamo, que inclui a utilização de uma vasilha de metal para ferver a mistura em água e deixar descansando durante nove dias. Os pesquisadores provavam todos os ingredientes frescos separadamente, assim como o remédio em seu conjunto e também uma solução de controle, sem os componentes vegetais.

O remédio resultante da receita medieval exterminou até 90% de bactérias cultivadas em laboratório, tanto em feridas sintéticas como em feridas reais infectadas em ratos. Harrison afirmou que a equipe esperava que o bálsamos demonstrasse "certa atividade antibiótica".
"Mas ficamos espantados ao ver a eficácia da combinação de ingredientes", afirmou. Os cientistas diluíram a mistura para testar a dosagem ideal contra uma infecção real em uma pessoa. 
Eles concluíram que, quando muito diluído, o remédio não consegue matar oStaphylococcus aureus resistentes à meticilina (SARM), bactéria que gera infecções na pele e no sangue. Mas, mesmo diluído, o remédio consegue interferir na comunicação celular da bactéria.
Créditos: BBC Brasil

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