sábado, 17 de outubro de 2015

Ex-doméstica vira professora e dirige escola destaque no Enem na Paraíba

Colégio Santa Rita, em Areia, na Paraíba, marca início dos estudos e do trabalho como professora de Dorinha (Foto: Egberto Araújo/Arquivo Pessoal)
Do trabalho doméstico à direção de uma escola estadual de referência na Paraíba. Este foi o caminho percorrido pela professora Marias das Dores Barbosa, de 55 anos, natural da cidade de Areia, no brejo da Paraíba, onde morava em um sítio na Zona Rural da cidade com outros nove irmãos. 

Segundo a professora, que começou a estudar apenas aos 11 anos, o sonho de ser uma profissional da educação a fez superar as dificuldades apresentadas pela vida. “Hoje eu quero que os jovens possam acreditar que é possível crescer e modificar a realidade, ter forças para ir até onde se pode ir. Não é fácil, mas você precisa acreditar, sonhar”, conta.


Maria das Dores é diretora-adjunta da Escola Estadual Sesquicentenário, a escola pública paraibana com melhor resultado nas provas objetivas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2014, conforme o ranking divulgado pelo MEC. Mas a história de 'Dorinha', como é conhecida pelos alunos e colegas de profissão, começou em seu primeiro contato com os estudos, que aconteceu quando ela precisou se mudar da Zona Rural de Areia para a Zona Urbana.
Ela foi para um centro social da cidade após o agravamento do estado de saúde do seu pai. “Fui alfabetizada pela professora Maria Francisca, 'Dona Francisquinha', aos 11 anos. Ela era apaixonada pelo alunos e me fez me envolver. Para mim era encantador”, recordou Dorinha. Antes disso, o contato com os livros acontecia apenas quando um tio levava a literatura de cordel até sua casa e através das histórias contadas pela mãe, como as de Monteiro Lobato.
Com a morte do seu pai, Dorinha conta que foi necessário contribuir com as contas de casa e trabalhar como doméstica, cuidando de crianças em algumas casas de família. Segundo ela, trabalhar durante o dia e estudar à noite se tornou uma rotina durante o Ensino Fundamental e até o 1º ano do Ensino Médio. Durante este tempo, a professora disse ter encontrador professores que a fizeram admirar o ensino e acreditar que os estudos seriam uma saída para a realidade social em que estava inserida.
“Todos os meus professores foram espelhos para mim. A professora Maria de Lourdes, do Colégio Santa Rita, me transmitia sabedoria. Eu ficava encantada em receber o conhecimento, eu também queria ter isso para mim. Por outro lado, o [retorno] financeiro era muito pequeno. Minha mãe não tinha condição financeira nenhuma e eu desejava uma mudança de vida”, relatou.
Além das dificuldades, Dorinha lembra que não tinha muito incentivo para continuar os estudos. De acordo com ela, se tornar professora, sempre foi uma busca pessoal, pois para os seus familiares, o importante era ter foco apenas no trabalho. “O meu foco era trabalhar, sim. Entretanto, era também o de buscar o conhecimento”, frisou. 
Agora, a professora se orgulha em contar que conseguiu mudar a sua realidade, pois conquistou a casa própria, os filhos estão formados e trabalhando como profissionais no mercado de trabalho, tem netos e continua trabalhando na educação. Mesmo com o tempo passado, ela destaca que o amor às crianças, ao ensino e ao trabalho com a educação continuam vivos. (Leia mais em G1PB).
Créditos: G1 PB

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Os comentários aqui publicados são de responsabilidade de seus autores.