No último domingo, líderes indígenas, camponeses e a população urbana da cidade de pouco mais de 26 mil habitantes falaram diretamente com as Farc. De acordo com a contagem oficial, os ataques que começaram na sexta-feira deixaram cinco feridos, embora a população contabilize ao menos 13.
Entre os atingidos estão funcionários de uma missão médica que trabalhavam em um centro de saúde, alvo de um explosivo lançado por guerrilheiros baseados nas montanhas.
Além disso, pelo menos dez casas foram atingidas e 600 pessoas foram deslocadas por conta da ofensiva.
O líder indígena Gabriel Pavi contou à BBC Brasil que, apesar da presença do Exército na região, a situação estava incontrolável.
Segundo Pavi, no começo da tarde do domingo a comunidade se dividiu em quatro comitivas que caminharam a diferentes áreas rurais para falar com as Farc.
"Cada grupo levou entre uma e duas horas até chegar aos guerrilheiros. Nós conversamos com eles e exigimos que parassem de lançar bombas contra a cidade", explicou.
De acordo com o Pavi, a "missão civil" foi concluída com sucesso e, por volta de seis horas da tarde de domingo, os ataques cessaram.
Controle difícil
Além de ir atrás da guerrilha, a população local também protestou contra os militares. Nesta segunda-feira, um grupo de indígenas destruiu trincheiras usadas pelos militares para se proteger das investidas da guerrilha.
O prefeito da cidade, Ezequiel Vitonás, deixou transparecer em entrevistas a rádios e jornais colombianos que a situação ainda é delicada.
Ele contabiliza que a região foi atacada mais de 450 vezes pela guerrilha nos últimos dez anos.
Um dos maiores ataques ocorreu há exatamente um ano, quando as Farc instalaram em uma "chiva" (microônibus típico da região) explosivos que destruíram uma delegacia e afetaram 400 casas. Nesse incidente, três pessoas morreram e 70 ficaram feridas.
Os militares negam que haja falta de controle por parte do Estado. Para o Exército, as Farc estariam usando o lançamento de explosivos como estratégia para "despistar" o deslocamento de suas tropas no sul do país.
"Conhecemos esse truque, mas já recuperamos o controle", disse o coronel Martín Nieto.
Ele acrescentou que membros da guerrilha têm usado a população como escudo, escondendo-se em casas de civis e até mesmo vestindo roupas de civis. "Isso tem dificultado um pouco a ação", admitiu.(BBC)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os comentários aqui publicados são de responsabilidade de seus autores.