As cidades da Paraíba que mais recebem recursos federais e que possuem os dez maiores valores do Produto Interno Bruto (PIB) vivem uma realidade contraditória. De um lado está o dinheiro, incluindo o correspondente ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM); do outro, a precariedade em todos os cantos da cidade. Falta saneamento básico e infraestrutura adequada em todos esses municípios, que representam, também, os principais colégios eleitorais do Estado.
Na lista dos detentores dos maiores PIBs estão: João Pessoa, Campina Grande, Cabedelo, Santa Rita, Bayeux, Patos, Sousa, Cajazeiras, Guarabira e Conde. Só as duas primeiras cidades da lista têm R$ 10,1 bilhões e R$ 5 bilhões respectivamente. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes ao ano de 2011. A disparidade entre os cofres das prefeituras e a realidade encontrada nas ruas é motivo de revolta entre a população.
Em Bayeux, na Região Metropolitana de João Pessoa, centenas de famílias vivem em situação de miserabilidade, apesar de o PIB do município ser R$ 836 milhões, o quarto maior da Paraíba. Em uma casa de três cômodos apenas, Claudete Santos, 48 anos, mora com quatro dos seis filhos e cinco netos. Os sinais da miséria que assola a família estão espalhados pela moradia, que fica à beira da maré, onde o mau cheiro é insuportável. A comunidade Nova Liberdade fica às margens da Avenida Liberdade, na divisa entre Bayeux e João Pessoa.
A pobreza que se contradiz ao PIB do município parece não incomodar Claudete Santos, que sobrevive com os R$ 110 que recebe do Bolsa Família, programa social do governo federal, e da pesca de marisco, atividade que rende, em média, R$ 100 por mês. Na comunidade onde mora falta praticamente tudo: esgotamento, calçamento, água, etc. Parece abandonada aos olhos dos gestores públicos, os quais só aparecem na localidade, segundo Claudete Santos, em tempo de eleição.
Por conta da infraestrutura precária, as crianças são proibidas de brincar fora de casa.
Por conta da infraestrutura precária, as crianças são proibidas de brincar fora de casa.
“Por conta da lama, aparece muito rato, barata e escorpião. É uma situação complicada, sempre foi assim. Duvido que algum dia isso mude”, afirmou Claudete Santos, que disse já ter se iludido com promessas de político. Hoje, segundo ela, isso não acontece mais. Morando na localidade há 12 anos, a dona de casa disse que não tem mais esperanças de ter uma vida digna, onde possa ter água, saneamento básico, iluminação e calçamento.
É nesse mesmo cenário que outras famílias tentam sobreviver. A aposentada Maria José da Silva, 67, disse que não sabe o que significa PIB, nem tem ideia do que o FPM representa. Contudo, não poupa críticas aos gestores públicos. “Se eu fosse prefeito ou governador eu teria vergonha de ver a população dentro do lixo. Sei que há muito dinheiro, o que falta é boa vontade mesmo”, afirmou a aposentada.
Em Bayeux, os problemas se repetem na área da Saúde e Educação. Segundo a comerciante Anatildes da Penha Moraes, o posto de saúde localizado no bairro São Bento quando tem médicos e dentistas, não tem o material necessário para o atendimento, como luvas descartáveis e seringas. “Quando tem o material, faltam os profissionais. É um grande problema que enfrentamos e ninguém resolve”, frisou Anatildes da Penha Moraes.Foto: Focando a Notícia. Valéria Sinésio – (Jornal da Paraíba).
Créditos: JP Online
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