sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Dilma confrontará Marina e focará em propostas

: A campanha petista vê espaço para explorar a "arca de Noé de contradições" da candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, numa tentativa de enfraquecer a adversária na disputa do segundo turno, mas identifica limitações nessa estratégia uma vez que ainda há votos de indecisos para conquistar.
Um dos estrategistas da campanha de reeleição de Dilma disse à Reuters que o eleitorado da petista terá que crescer entre os indecisos, por isso não há como manter a estratégia centrada apenas nos ataques a Marina e seu programa de governo. Principal adversária de Dilma, a ex-senadora tem sido o grande alvo das peças publicitária do PT até agora.
Desde a entrada de Marina na corrida presidencial, Dilma tem oscilado para cima e para baixo nas intenções de voto para o primeiro turno. Já nas simulações de segundo turno, a petista recuperou algum terreno nas últimas pesquisas e apareceu em empate técnico com a candidata do PSB.
"Marina é uma arca de Noé de contradições", disse esse estrategista, sob condição de anonimato. Na avaliação dele, Marina muda de opinião a "toda hora" por temer perder votos, mas isso está deixando os eleitores com dúvidas.
"Eu acho que está cada vez mais evidente e é crescente o número de pessoas que olha para a Marina com dúvida", avaliou.
Segundo ele, Dilma já recuperou os votos que perdeu para a candidata do PSB e agora é hora de focar nos indecisos. Por isso, a campanha na TV nesta reta final deve ficar mais centrada em novas propostas para um eventual segundo mandato.
"Vamos ganhar o primeiro turno, mas temos que abrir a maior dianteira possível para o segundo turno", acrescentou.
A aposta contra Marina, no entanto, pode estar ajudando também o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves. Ele tem mirado a adversária do PSB para recuperar o voto antipetista e, segundo a pesquisa Ibope mais recente, foi o maior beneficiário dos ataques a Marina.
O tucano, que depois da entrada de Marina no páreo foi parar no terceiro lugar, recuperou terreno e subiu quatro pontos percentuais no levantamento divulgado na terça-feira.
"Tem eleitor que está voltando para o Aécio, porque teme a Marina", avaliou esse estrategista de Dilma. Mas a campanha da presidente dá a impressão de ter certeza de que o segundo turno está definido entre Dilma e Marina.
Segundo o estrategista, pode estar nascendo o eleitor "antipetista e antimarina". Isso impediria um migração integral dos votos de Aécio para Marina no segundo turno.
DIREITOS TRABALHISTAS
Uma outra fonte da campanha alertou, porém, que o confronto com Marina não deve ficar em segundo plano nessa reta final, porque nos 15 dias finais o eleitor se concentra na campanha eleitoral e define o voto. Por isso, as críticas agora têm peso maior na escolha do eleitorado.
"Não se ganha a eleição mandando flores para o adversário. Tem que manter as críticas e o tom agressivo também", disse essa fonte, também sob condição de anonimato.
O mais novo alvo da campanha de Dilma são declarações recentes de Marina sobre a necessidade de "atualizar a legislação trabalhista".
Dilma já havia confrontado Marina em temas como a exploração de petróleo na camada pré-sal e a proposta de independência formal do Banco Central. Nos dois casos, a estratégia de Dilma surtiu efeito e lhe rendeu votos, segundo seus estrategistas.
Na quarta-feira, após se reunir com empresários em Campinas, a presidente disse que não mudará direitos trabalhistas. "Lei de férias, 13º (salário), fundo de garantia, hora-extra, isso não mudo nem que a vaca tussa", disse Dilma. [nL1N0RI1N7]
Apesar de não ter detalhado o que seria atualizado na legislação trabalhista, o programa de governo de Marina é bem claro em relação à manutenção dos direitos dos trabalhadores.
"Mudanças nas regras trabalhistas: modernizar as relações entre empresas e empregados para ampliar a proteção aos trabalhadores e às novas categorias; manter os direitos conquistados; criar um ambiente de maior segurança jurídica", diz o texto do programa do PSB.
Para não deixar dúvida alguma sobre o tema, na quarta-feira, Marina disse que "os direitos dos trabalhadores precisam ser respeitados, todas as suas conquistas devem e precisam ser respeitadas".
Créditos: Brasil 247

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