Conforme a tradição iniciada em 1947 pelo diplomata Oswaldo Aranha, o primeiro orador de uma Assembleia Geral da ONU é um representante do Brasil, que foi o primeiro país a virar membro das Nações Unidas, logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945.
Na reunião de líderes mundiais dos 193 estados-membros da ONU, Dilma saudou Sam Kahamba Kutesa, ministro dos Negócios Estrangeiros de Uganda e eleito presidente do encontro, para, em seguida, celebrar os 30 anos de redemocratização do Brasil, ressaltando que a partir de então o país pôde avançar na estabilização econômica e na construção de uma sociedade "inclusiva baseada na igualdade de oportunidades".
Dilma lembrou que o Brasil foi citado como um dos destaques do relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), divulgado na última semana, em grande medida, por conta de programas que integram ações e promovem inclusão social, como o Fome Zero. "Essa mudança foi resultado de uma política econômica que criou 21 milhões empregos, valorizou o salário básico, aumentando em 71% seu poder de compra. Com isso, reduziu a desigualdade", afirmou. "Trinta e seis milhões de brasileiros deixaram a miséria desde 2003; 22 milhões somente em meu governo. Para esse resultado, contribuíram também políticas sociais e de transferência de renda reunidas no Plano Brasil Sem Miséria", frisou.
A presidenta também citou que o Brasil reduziu a mortalidade infantil antes do prazo estabelecido pelas Metas do Milênio, disse que houve universalização do acesso ao ensino fundamental e "uma expansão sem precedentes da educação superior", com novas universidades públicas e milhões de estudantes emuniversidades privadas contemplados com bolsas e financiamentos, além das políticas de ações afirmativas que permitiram o ingresso massivo de estudantes pobres, negros e indígenas na universidade.
Dilma destacou que o Brasil soube responder à grande crise econômica mundial, deflagrada em 2008,sublinhando que o país conseguiu resistir "às suas piores consequências", como o desemprego, a redução de salários, a perda de direitos sociais e a paralisia do investimento, além de continuar a distribuir renda, estimulando o crescimento e o emprego, mantendo investimentos em infraestrutura.
Política externa
A presidenta aproveitou a tribuna para destacar a inserção do Brasil, com a China, a Índia, a Rússia e a África do Sul – o chamado bloco dos Brics, que neste ano fundou banco que se torna uma opção para países em desenvolvimento, em contraponto ao Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional (FMI), e o Arranjo Contingente de Reservas – cada um dos quais com um aporte de US$ 100 bilhões.
Ela reforçou a posição histórica da diplomacia brasileira em oposição ao uso da força, que considera "incapaz de eliminar as causas profundas" de conflitos internacionais, entre os quais, a presidenta enumerou a Questão Palestina, a Guerra Civil na Síria, o processo de deterioração estatal no Iraque, a crônica insegurança na Líbia desde a queda do regime de Muammar al-Gaddafi, além de conflitos no Sahel e escaramuças internas na Ucrânia.
Conforme esperado, Dilma voltou a defender uma reforma e ampliação do Conselho de Segurança da ONU, uma das bandeiras mais caras à política externa brasileira nos últimos 20 anos. "O Conselho de Segurança tem encontrado dificuldade em promover a solução pacífica desses conflitos. Para vencer esses impasses será necessária uma verdadeira reforma do Conselho de Segurança, processo que se arrasta há muito tempo."
A mudança do clima do planeta foi outro tema sobre o qual a presidenta se debruçou. "Necessitamos, para vencê-la, sentido de urgência, coragem política e o entendimento de que cada um deverá contribuir segundo os princípios da equidade e das responsabilidades comuns, porém diferenciadas."
Créditos: Rede Brasil Atual
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