domingo, 9 de setembro de 2012

Igreja apoia mutilação genital em Guiné-Bissau


Igreja Evangélica, Guiné Bissau, mutilação genital femininaNos últimos anos, a Igreja Evangélica tem sido abalada por vários escândalos. Desta vez a Igreja é acusada de apoiar a mutilação genital feminina na Guiné-Bissau. De acordo com o missionário e pastor, Freddy Osvando, em Bafatá, a Igreja Evangélica tem apoiado esta pratica pois considera que é uma forma de evitar que as mulheres se tornem prostitutas ou impuras.

“O povo guineense é receptivo ao Evangelho. Contudo, está perecendo, por não conhecerem uma verdadeira teologia bíblica”, disse o missionário Freddy Osvando à Junta de Missões Mundiais.
De acordo com o missionário, Freddy Osvando, para além da mutilação feminina a Igreja apoia também “um ritual chamado de Cerimonia de Lavagem, em que o casal que mantém relações sexuais, sem estar casado, é obrigado a se purificar, sendo levado para um rio onde a mulher é violada varias vezes em frente de todos”.
Em meados de 2011, foi aprovada uma lei pelo parlamento de Guiné-Bissau, que proíbe e criminaliza a prática da mutilação genital feminina. “Foram décadas de luta que se concretizou com a adoção daquela medida legislativa” referiu o membro da Organização Nacional para a Infância, Fatumata Djau Balde.
Apesar da proibição governamental, muitas mulheres continuam sendo submetidas a amputação do clitóris. Após a intervenção, as feridas curam lentamente e quando a circuncisão é mal feita as mulheres acabam morrendo. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) mais de 100 milhões de mulheres, em todo o mundo, já foram submetidas a esta prática.
Muitas pessoas associam a mutilação genital feminina à religião muçulmana, mas para Fatumata Djau Balde, a circuncisão feminina nada tem nada a ver com o Islã, nem com outra religião, contudo é usada maioritariamente por grupos étnicos muçulmanos em Bafatá, Gabu e em algumas partes do sul da Guiné-Bissau.
A maior parte dos países desenvolvidos é contra esta prática e até a Igreja Evangélica já se manifestou contra este ritual. Na Europa cerca de 500 mil mulheres sofrem com as consequências físicas e psicológicas.
Para as sociedades tradicionais, como é o caso da Guiné-Bissau, se uma mulher não passar por esta intervenção ela é excluída da sociedade. Em vários países africanos como a Somália, Etiópia, Sudão ou Costa do Marfim o número de mulheres que passam por este ritual ancestral continua sendo muito elevado.
“O tempo de conscientizar acabou. Agora precisamos castigar os responsáveis”, defendeu a diretora da Organização Nacional para a Infância, as Mulheres e a Família da Costa do Marfim, Rachel Goya.
Não existe um número exato, mas prevê-se que em Guiné-Bissau quase metade das mulheres seja atingida pela mutilação genital.

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