Dados do Centro da Mulher 8 de Março apontam que somente este ano 35 mulheres já foram assassinadas na Paraíba o que corresponde a 77,27% do total de homicídios registrados durante o ano passado quando 44 mulheres foram mortas. Ainda segundo o órgão, este ano foram 76 tentativas de assassinato, 77 estupros e 82 agressões físicas.
Os últimos dois assassinatos onde as vítimas foram mulheres aconteceram esta semana. No último dia 7 a cantora Francicleide Medeiros Lira, 32 anos foi executada a tiros com mais quatro pessoas dentro de uma seresta no Bairro de Cruz das Armas.
Na noite de quinta-feira (13) uma mulher, ainda não identificada, foi encontrada morta com o corpo cravado de balas na Rua Chesf, localizada no Bairro das Indústrias, em João Pessoa..
Segundo informações, o segurança de uma fábrica ouviu vários disparos e chamou a polícia. Quando os militares chegaram ao local, encontraram a vítima já sem vida. O que chamou a atenção das autoridades foi a localização do corpo, pois se trata de uma área industrial, sem grande movimentação de pessoas. A polícia investiga o crime.
Para a presidente do Centro 8 de Março, Irene Marinheiro Jerônimo, os maiores motivos da violência contra a mulher são a discriminação, machismo e o medo do companheiro, mas desde a criação da Lei Maria da Penha esse quadro tomou outro rumo. O órgão que defende o direito da mulher tem o telefone 3241.8001 para atender as vítimas de agressão, que oferece orientações para procurar a polícia e ter coragem para denunciar o agressor.
Mas, para enfrentar a violência contra a mulher estão sendo instaladas em várias regiões do Estado delegacias especializadas onde elas podem denunciar seus agressores. Recentemente o Tribunal de Justiça instalou um Juizado especial e ainda existe a casa abrigo que presta assistências as vítimas de violência.
Irene Marinheiro disse que uma preocupação do Centro da Mulher 8 de Março é o envolvimento o sexo feminino com as drogas. O órgão que dirige tem trabalhado na orientação para evitar que se envolvam com as drogas. “Porque quando a mulher é presa por esse crime é totalmente esquecida”, declarou.
Irene deixou claro que a violência contra a mulher está ligada a impunidade e finalizando foi enfática ao dizer que os homens ainda acham ser donos das mulheres.
Machismo
A secretária-executiva da Mulher e da Diversidade Humana, Gilberta Santos Soares, relatou que a cultura machista, em que o homem se sente dono da mulher ainda está entre as principais causas no aumento desses casos. “Essa triste realidade é um fator histórico aqui no Nordeste”, frisou. Ainda de acordo com a Gilberta Santos, o Estado qualificou profissionais do Disk Denúncia (197) para estimular as mulheres a denunciarem casos de violência.
Atendimento
Segundo Gilberta Santos, no Estado, as maternidades Frei Damião, e Cândida Vargas, em João Pessoa, o Instituto Elpídio de Almeida (Isea), em João Pessoa e maternidade Peregrino Filho, em Patos, são referência na assistência à saúde e psicológica da mulher no Paraíba. Além das maternidades, os hospitais gerais de Sousa, Monteiro também realizam os atendimentos. Em João Pessoa, o Centro de Referência da Mulher Ednalva Bezerra, na Rua Afonso Campos, 191, também realiza atendimentos as mulheres. As vítimas podem procurar o local ou ligar para o telefone 0800 283 3883 .
Denúncias sem testemunhas – O Secretario da Segurança Pública, Cláudio Lima afirmou que foram publicadas duas portarias que disciplinam as delegacias e autoridades policiais a receberem denúncias de vítimas sem precisar levar testemunhas.
Ele lembrou ainda que o Estado e os municípios, por meio dos órgãos, têm que assumir este papel de denunciar. “Muitas vezes estas denúncias chegam aos órgãos públicos, mas não chegam à polícia. Temos o número de telefone 197 que é para todo tipo de denúncia, inclusive, estamos com uma pasta exclusiva para atender casos de violência contra a mulher”, afirmou.
Campanha – A Secretaria de Estado e da Diversidade Humana e da Mulher vem desenvolvendo desde o ano passado ações permanentes com capacitação e organização da rede que atua atendendo a mulher vítima de violência.
Serviço – O número para denúncias contra a mulher é 197.
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