segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Viagens curtas aliviam estresse


 Férias são um dos melhores remédios para evitar e aliviar o estresse. Elas devem ser tiradas todo ano, pois o organismo precisa de uma pausa nas atividades cotidianas para repor as energias. Direcionar a atenção para lugares, temas e pessoas que não convivemos diariamente é uma forma de gerenciar a tensão. Portanto, neste caso, as viagens unem o útil ao agradável.

O período deve ser aproveitado para dormir e acordar sem horários fixos, alimentar-se de formasaudável e deixar a mente livre de pressões ou cobranças, segundo Eliana Torrezan, diretora do Centro Psicológico de Controle de Stress – Unidade Vila Olímpia, em São Paulo (SP). “Não se deve acumular as férias”, alerta.
Viagens curtas também são eficazes no controle de estresse. “Elas são estratégicas, pois a pessoa aproveita um final de semana para relaxar e, ao voltar, poderá ter mais energia para continuar com a sua rotina, lidar com um problema ou mesmo tomar uma decisão importante. Elas funcionam como uma parada para reorganizar as ideias, pensar com calma, descansar e depois enfrentar as dificuldades ou executar novos planos”, diz Torrezan.
Pesquisas comprovam que, muitas vezes, as viagens curtas surtem mais efeito do que férias longas, de acordo com Esdras Guerreiro Vasconcellos, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) e diretor científico do Instituto Paulista de Stress, Psicossomática e Psiconeuroendrocrinoimunologia (IPSPP). “O ideal seria fazer três pausas por ano”, afirma.
Biotipo e personalidade
Ele explica que viajar faz parte de um mecanismo natural da mente, que se reflete no comportamento, para aliviar a tensão ou reagir a um dano ou ameaça. É conhecido na psicologia como “estratégia de coping”. Entretanto, cada pessoa se estressa ou reage à tensão de acordo com o seu biotipo e a sua personalidade.
“Alguns escolhem relaxar por meio de uma visita cultural a Machu Picchu, enfrentando a montanha e o ar rarefeito, por exemplo. Para outros, aquilo é só ruína. Eles preferem ir à praia. Portanto, o coping deve estar ligado primeiramente ao prazer”, observa Vasconcellos.
Entretanto, quem recebe o diagnóstico de estresse não deve correr para fazer as malas e embarcar para o destino dos seus sonhos já no dia seguinte, segundo o professor da USP. Parece um paradoxo, mas a parada brusca pode causar problemas como insônia, gripe, alergia, arritmia cardíaca, irritabilidade e até provocar acidentes.
“O organismo sob estresse recebe uma descarga contínua de hormônios como cortisol e noradrenalina, que não se regula imediatamente com a pausa das atividades. O sistema neuroendócrino, que regula a produção de hormônios, precisa de tempo para se adaptar. Por isso, é recomendável viajar depois de três ou quatro dias de férias, para o corpo ir se habituando a se desligar das pressões diárias, como as exigências do trabalho e o trânsito”, explica.
Sozinho ou acompanhado?
A escolha entre viajar sozinho ou acompanhado também depende de cada um. Se for alguém que gosta de fazer amigos e conhecer lugares novos, ir desacompanhado pode ser uma boa escolha, segundo os especialistas. Mas se a pessoa não gosta de ficar só ou está com um nível de estresse elevado, recomenda-se viajar acompanhado por familiares e amigos.
O cinema e a literatura estão repletos de histórias de viagens que mudam completamente a vida de suas personagens, como em "Comer, Rezar e Amar" ou "Sob o Sol da Toscana". Na vida real, entretanto, mudanças significativas devem ser tomadas com cautela, segundo Torrezan.
“Deve-se voltar das férias e rever os novos planos com calma. Converse com pessoas de sua confiança sobre seus objetivos e, somente depois disso, tome a decisão”, sugere a psicóloga.
Para indivíduos que têm dificuldade em tirar férias, a orientação é se programar, procurando uma pessoa que o substitua no trabalho de forma que não seja interrompido durante o período de descanso. “É necessário se desconectar”, afirma ela.
Quem não consegue se desligar do emprego, dos seus negócios ou dos problemas familiares, pode aprender por meio da psicoterapia. “Do contrário, uma doença como infarto ou hipertensão pode obrigar o desligamento”, diz Vasconcellos. Neste caso, viajar – de corpo e alma – é mesmo a melhor opção.
WSCOM

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