quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Alckmin aumenta repressão policial em protestos contra fechamento de escolas

A Polícia Militar age com violência, na manhã desta quarta-feira (2), em mais um protesto de estudantes contra o fechamento de escolas estaduais proposto pelo governo Geraldo Alckmin. Em ato na avenida Doutor Arnaldo, na zona oeste da capital, alunos estão sendo retirados à força da via. Mais cedo, um protesto também foi registrado na avenida Giovanni Gronchi, zona sul. 
O fechamento de 93 escolas está previsto no projeto de reorganização anunciado pela secretaria estadual de Educação em setembro deste ano. Com o objetivo de unir estudantes de um único ciclo na mesma escola, mais de 300 mil alunos devem ser afetados.
Na noite desta terça-feira (1º), um protesto na avenida 9 de Julho, zona sul da cidade, terminou com bombas,bate boca e quatro prisões. Uma imagem exclusiva da Record mostra dois policiais subindo em uma passarela e agredindo um menor com um golpe de cacetete. O adolescente caiu no chão e foi levantado na sequência. Mesmo sem reação, o policial colocou o cacetete no pescoço do menino, que é estudante da escola Fernão Dias Paes, em Pinheiros.
O pai do aluno agredido pelo policial lamentou o ocorrido: “eu não bato no meu filho. Chego aqui e vejo meu filho agredido, ainda mais por uma autoridade. Eu acho um absurdo isso”. Segundo ele, os policiais disseram na delegacia que o filho dele e uma colega desacataram e agrediram os policiais.
Ainda ontem, policiais militares reprimiram alunos que ocupam a escola estadual Maria José, no bairro da Bela Vista, região central, após pais e professores quebrarem o cadeado e entrarem no colégio na tentativa de desocupá-lo. De acordo com a Polícia Militar, outra confusão envolvendo pais e alunos foi registrada na Escola Estadual Doutor Octávio Mendes, na avenida Voluntários da Pátria, em Santana, na zona norte de São Paulo. Pais e alunos que são a favor à reorganização escolar querem a normalização das aulas na escola, que está ocupada por outro grupo de estudantes. 
Os protestos contra a medida em curso pelo governo começaram no dia 9 de novembro, quando cerca de 40 alunos da EE Diadema, no ABC Paulista, deixaram as salas de aula e passaram a ocupar corredores e demais dependências da escola. A reação foi seguida por outros alunos e hoje, de acordo com balanço do Apeoesp (Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo) desta terça-feira, há 205 escolas tomadas pelos estudantes. A secretaria da Educação confirma manifestações em 194 unidades.
A principal justificativa do governo para a realização da reforma na rede é a susposta melhoria no desempenho dos alunos que passariam a conviver apenas com outros estudantes da mesma faixa etária e nível de conhecimento. Para Vitor Paro, professor da Faculdade de Educação da USP, não há nada que comprove a eficácia da proposta.  
— É estapafúrdio, sem nenhum sentido. Vai contra toda a ciência e a teoria da educação, não tem cabimento. A melhor educação é a que tem convivência com jovens, adultos. É bobagem. Isso é ignorância ou má fé. Em nota, a secretaria de Educação disse que está aberta ao diálogo com os manifestantes que ocupam "algumas unidades escolares, para que desocupem as escolas e permitam que os estudantes concluam o ano letivo". Ainda no comunicado, a pasta diz que "considera as manifestações legítimas, mas não pactua com o impedimento da maioria dos alunos de assistirem as aulas, tampouco com o cerceamento do direito da população de ir e vir, como vem ocorrendo em algumas das principais vias da cidade. A proposta da reorganização da rede, ao ampliar o número de unidades com ciclo único, é melhorar a qualidade do ensino e aprimorar as condições de trabalho dos professores".
Em coletiva de imprensa realizada no fim de outubro, o secretário da Educação do Estado Herman Voorwald, forneceu dados sobre a reorganização. De acordo com a pasta, 311 mil alunos serão remanejados em 162 municípios. Além disso, o número de escolas com um segmento passará de 1.443 para 2.197; o de dois ciclos irá de 3.209 para 2.635 e as unidades com três segmentos passarão de 479 para 315. Entre as mudanças, o secretário destacou que 2.956 classes que estavam ociosas passarão a ser usadas pela rede. Foto: Rede Record.
Créditos: R7 

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